sábado, 13 de agosto de 2011

Acredite


Nós tínhamos voltado para Nashville quando recebemos a notícia que Hannah Montana tinha sido escolhida para mais 30 episódios. Disney me queria em L.A dentro de 7 dias! Minha mãe não queria arrancar toda família tão rápida sem nos colocar em um lugar que nós sentíssemos como em casa. Ela não queria que se mudar fosse difícil ou um sacrifício para os meus irmãos e irmãs. Minha mãe é desse jeito. Ela não é do tipo deslumbrada por Hollywood ou com a idéia de um ser uma estrela. Ela sempre pensa no todo. A família toda. Como nós poderíamos ser estáveis e normais. Minha mãe entrou na internet e comprou a menor casa em La Cañada que ela conseguiu encontrar. Desse jeito. Como se fosse uma camiseta em um catálogo. A mamãe é tão século vinte e um.

Uma das primeiras coisas que nós fizemos quando chegamos em L.A foi ir até os estúdios da Disney e agradecer. Nós almoçamos com meus agentes e eles nos levaram de conversível para Disney. Meu pai e eu andávamos sob quatro rodas na nossa fazenda, estilo trabalhador rural. Esse era o oposto daquela experiência. Não era glamoroso estar num conversível? Uma estrela da TV, no seu caminho para agradecer aos produtores. Exceto que quando nós entramos no escritório do Gary Marsh ele tinha uma expressão assustada. “O que aconteceu com você?” ele perguntou. Andar de conversível tinha bagunçado meu cabelo. Que estava pintado em um estranho tom de loiro. Eu tinha dois dentes arrancados. Ah e sim, tinha o aparelho. Não era um bom sinal. Eu percebi isso bem rápido.
O cabelo voltou à marrom. Os aparelhos foram retirados. Eu retive um pouco com dentes falsos para cobrir os buracos enquanto meus dentes reais cresciam. Essa foi minha primeira melhorada como artista de TV: ter uma desculpa para me livrar do aparelho.

Depois deles me “concertarem”, ainda tinham mais tarefas antes de começar a gravar a série. Eles tinham que montar meu guarda-roupa. Eu ainda iria para o estúdio gravar todas as músicas da primeira temporada. Oh, e eles tinham que me fazer perucas novas. A peruca do piloto era uma piada. Agora que eu tenho reais, e caras perucas que são moldadas para minha cabeça. Se você nunca experimentou uma peruca, deixe-me te avisar não é muito glamoroso. Ele põe em você uma touca, que é como uma touca de natação feita de meia; eles colocam uma espécie de durex ao redor até que fique duro; então eles usam isso para fazer o molde. 

Perucas prontas, a série precisava continuar girando. Logo depois, teve uma festa no set para a estréia de série. Emily e eu usamos vestidos pretos. Nós estávamos tão ansiosas para assistir a versão final do piloto – a versão que milhões de pessoas assistiriam no Disney Channel. Nós esperávamos. 

O show foi bem melhor do que eu esperava. Você diz a mesma fala seis vezes, sessenta vezes, e no final você não faz idéia de qual delas eles escolheram na sala de edição, e de como você parecerá falando ela. Você canta uma música num estúdio e apenas imagina como ela ficará após eles editarem. E lá estávamos eu, meu pai e meus novos amigos. Eu tenho que dizer, eu achei que nós éramos muito bons. Não importa o que aconteça, esse é um momento meu, e eu nunca vou esquecê-lo.
No dia seguinte eu fui a um parque de diversões com a minha tia. Nós não estávamos pensando sobre o show. Nós não fazíamos idéia de quantas pessoas tinham assistido. Não me acorreu que as pessoas tinham me visto na TV na noite anterior. Nós estávamos numa montanha-russa, quando seis garotas de 13 anos correram até mim e pediram meu autógrafo. ** Eu comemorei de alegria! “Claro!” eu disse tão entusiasmada que eu tenho quase certeza que assustei minhas primeiras fãs (que eram mais altas que eu). Foi nesse momento que eu percebi que Hannah Montana não era apenas um trabalho novo que eu amava. Tinham pessoas assistindo ao nosso show. Pessoas de verdade, me reconheciam na rua. Eu não era mais apenas a Miley Cyrus. Eu estava carregando a Miley Stewart e a Hannah Montana comigo. Era estranho. Era legal. Eu tinha doze anos. 

**Nota da Miley: Sério mesmo!

Você já praticou sua assinatura nos cadernos da escola ou quando você estava no telefone? Eu já. Página após página, onde eu deveria estar copiando a matéria estavam cobertas com meu nome, acompanhado por diferentes enfeites e coisas do tipo. Eu sabia assinar meu nome, mas o que mais eu queria dizer para essas garotas, as minhas primeiras fãs? Eu me lembrei de quando eu era apenas uma das quinze possíveis Hannah Montana sentada nervosa em uma sala de espera. Eu me lembrei do que eu gostaria de ouvir quando estava presa sozinha no banheiro da escola, no fim da minha esperança. Eu me lembrei do que meu peixe diria se soubesse que seu amigo tinha virado comida. Agora eu sei exatamente o que eu queria escrever. Eu levei um bom tempo com aquelas seis assinaturas, me certificando que eu tinha as feito de forma perfeita.


Acredite
Miley Cyrus

Perdendo o vovô


Antes que eu volte ao aparelho, eu quero falar sobre meu avô. Enquanto nós estávamos gravando o piloto, Papai voava de lá pra cá entre o set de Hannah Montana e ao lado do leito do meu avô. Pappy era meu avô do lado paterno. Ele estava doente, realmente doente com câncer de pulmão, mas todas as memórias maravilhosas que eu tenho dele continuavam na minha mente enquanto eu trabalhava. Eu sei que ele queria que eu seguisse meu sonho.

Pappy tinha uma cabana em Cave Rum, Kentucky. É o lugar mais bonito na Terra. De manhã, ele faria bacon pra nós, e contaria histórias malucas sobre o que os cachorros eram ou sobre o que os vizinhos diziam.

Cada uma das crianças tinha um quarto no andar de cima da cabana. Quando nós íamos visitas, eu ficava no meu quarto na primeira noite e ele colocaria um tapete de pele de urso no chão com a cabeça aparecendo. Assustava-me pra valer todas às vezes. Mais era do vovô pra mim. Eu amava seu incomodo. Eu até amava o cheiro do vovô. Ele usava o mesmo desodorante por anos – é um genérico de uma marca country – e agora eu o deixo por perto porque me lembra dele. 

Nós passávamos bastante tempo na cabana, apenas nos divertindo. Eu mudaria a mensagem da secretária eletrônica para “Hey, obrigada por ligar para o vovô”, e então eu imitaria o barulho de um trem – whoo whoo whoo – e diria, “Eu o amo e espero que você o ame também.” (Se você o conhecesse você amaria).
A cabana era perto de uma montanha que tinha uma gruta. Durante o dia, Pappy me ajudaria, Brazz e Trace também (minha irmã Noah não era nascida ainda) a procurar pontas de flechas e espiar os morcegos. Pappy era uma criança grande. Nós íamos pescar **, o vovô dirigiria seu velho carro e meu pai nos seguiria logo atrás, dirigindo devagar demais, nunca conseguindo nos acompanhar. Papai geralmente dirige com cuidado (exceto quando eles está atrás da roda de uma bicicleta suja ou de um quatro rodas).
**Nota da Miley: Bem ... pelo menos eu fui até ficar com meu pé preso num burraco na ponte e eles cortarem ao redor antes que o peixe gato começo meus dedos dos pés. No final, eu não gostava tanto de pescar.

7 coisas que meu avô costumava dizer
1. Quando mais você meche no coco, mais ele fede.
2. Persistência é a qualidade do caráter do homem assim como o carbono é para o aço.
3. Bom para o ganso, bom para o capataz.
4. Aonde quer que você vá ... Lá você está.
5. Tentar não é o tempo para desistir de tentar
6. Você é cheio de coco como o Natal da Turquia. =)
E a minha favorita ... 7. Eu amo você.

Vovô tinha uma voz forte como a minha e um estomago que sempre estava um pouco preso – tipo ele apenas tinha grandes refeições. Ele sempre jorrava sabedoria do povo que não fazia sentido para algumas pessoas, mas fazia pra mim (normalmente). Se eu estava falando de alguém que me fez passar raiva, ele diria, “Quando mais você meche no coco mais ele fede”. Ou “Quando você está batendo para fora, você não precisa de julgamento.” (Isso o que ele sempre dizia ao meus pai porque ele já foi um boxeador.)Quando eu estava vestindo algo como –vamos dizer, um chapéu – Eu diria: “Você não gostou do meu chapéu vovô?” Se ele não gostasse ele diria: “Oh, claro, eu gostaria de dois deles. Um para evacuar nele e o outro para tampar.” Então meu pai se intrometeria e diria “É, eu também.” E então e]u diria: “Eu não faço idéia sobre o que vocês estão falando.” Mas não importava. Ele simplesmente é o melhor avô que eu consigo imaginar.
Vovô sempre era uma boa platéia. As escadas na cabana dele levavam para um loft, e quando eu era uma criancinha – com 5 ou 6 – eu colocava um show, cantando “Tomorrow” de Annie enquanto descia as escadas. Pappy bateria palmas assoviaria e diria: “Suba e faça de novo”. Eu acreditava. E quando eu estava na cabana, eu sempre tocava piano. Eu nunca tive aulas de piano, mas eu gostava – e ainda gosto – deixar meus dedos vagarem livremente pelas teclas. O vovô chamava de a “Canção da Chuva”. Foi assim que eu acabei escrevendo “I Miss You” pro vovô. Ele estava tão doente. Eu sabia que ele estava morrendo, e lentamente o meu coração também. Eu não conseguia imaginar minha vida sem ele. Foi a letra mais difícil que eu já escrevi. Eu estava trabalhando nela, com uma boa amiga da mamãe Wendy, e aquilo estava me matando. Finalmente eu disse: “Eu não consigo mais escrever. Eu preciso parar.” Mas eu sei que meu coração queria dizer, então meu coração encontrou um caminho através dos meus dedos.Então eu me esforcei e terminei a letra. Eu realmente queria que meu avô tivesse escutado “I Miss You” antes de morrer. Eu nunca pude cantar pra ele, mas bem próximo do final o meu pai tocou pra ele uma curta parte da música, e eu gosto de acreditar que isso lhe deu esperanças, como ainda me dá esperanças. 

O vovô dizia que ele se recusava a morrer antes de Hannah Montana ter sua estréia na TV, mas ele morreu dois doas antes da estréia. Ainda, ele conseguiu ver uma fita do piloto. Eu sei que ele estava orgulhoso.

No Sul, funerais são como casamentos. Todos aparecem com grandes chapéus para fofocar e prestar seu respeito. É praticamente uma reunião de família. No funeral do vovô eu não conseguia ver nada além dele. O caixão era aberto e eu queria tocar a mão dele mais uma vez, para dizer adeus. Mas eu não queria me lembrar dele desse jeito, então eu me controlei. Esse momento ainda me assusta.
Depois da morte do vovô, eu continuei dando círculos ao redor da sua morte. Se você já perdeu um avô, talvez você saiba como é. Eu sentia falta dele. Eu ainda sinto. Eu continuo pensando em como ele prometeu levar a Brandi e eu para o King’s Island (eu parque temático), mas ele nunca teve uma chance. Eu fico presa nas vezes que eu não falei com ele no telefone. Tem uma mensagem de voz do vovô salva na nossa secretária eletrônica, e eu a escutei, várias e várias vezes, porque toda vez ela trazia ele de volta como se ele nunca tivesse partido. 

Então eu tive um sonho. Era o Vovô. Ele queria que eu seguisse em frente. Ele disse, “Eu não posso ir com você me segurando tão forte. Você não pode deixar que a minha morte pare com a sua vida.” Quando eu acordei, a voz dele estava tão viva na minha cabeça que foi como se ele apenas tivesse se despedido e saído pela porta. Por hábito, eu fui ao telefone escutar sua mensagem de voz. Ela tinha ido. Deletada. Desaparecido para o nada. Foi como se o vovô estivesse me dizendo para deixar ir. 

Meu pai herdou a mania do vovô de falar de forma rápida e incoerente. Ele diria “Bom para o ganso, bom para o capataz.”. Outro dia ele disse “tornera” no lugar de “torneira”, e ele disse como o vovô dizia. E então finalmente eu vi que não tinha problema se eu deixasse o vovô ir. Ele sempre estaria conosco.
Só porque eles gravaram o piloto – o primeiro episódio do show – não significava que Hannah Montana veria a luz do dia. Muitos executivos precisam decidir se é bom o bastante. Se eles aprovassem, eles a “escolheriam”. Isso significa que eles fariam novos episódios, e que o show iria entrar no ar. O que era tudo que nós queríamos.

Hannah quem?


Enquanto gravávamos o piloto, a Disney me avisou que tinha apenas, ah, uma coisa pequenininha que eles queriam que eu fizesse. Um concerto. Está correto – eles queriam que eu me apresentasse num concerto como Hannah Montana na frente de uma multidão de pessoas que não tinham a menor idéia de quem eu era, antes do show ao menos começar. Quando a grande noite chegou, eu estava ruindo de nervoso. Claro que eu já tinha estado atrás do palco, inclusive no palco com meu pai em vários concertos. Mas agora eram canções novas, com coreografias novas, dançarinos novos, acessórios, e mudanças de figurino. E não tinha o meu pai. O foco era todo em mim.

A multidão no Glandale Centre Theatre – próximo aos estúdios da Disney - não sabiam quem ou o que eles iriam ver. Eles só sabiam que eles estavam assistindo uma garota desconhecida chamada Hannah Montana, e que ela tinha algo haver com um novo show da Disney. E era de graça. Eu tenho certeza que algumas daquelas pessoas gostariam de poder voltar no tempo e vender aqueles ingressos por uma grana preta. **

**Nota da Miley: não que eu aprove esse comportamento. 

Eu não conseguia acreditar que alguém apareceria naquele show. Quem quer ver uma cantora desconhecida? Eu estava tão assustada – e eu me sentia estúpida por fingir que era uma grande estrela quando ninguém sabia quem eu era. Era tão estranho. Entre as canções, eu sussurrava no microfone, “Eu vou voltar logo”, e corria pra trás do palco para perguntar minha mãe e os produtores se eu estava me saindo bem.
Então, enquanto eu cantava “Pumping Up The Party Now”, eu percebi que as pessoas estavam entretidas. Eles pareciam animados com o show. Isso me deu um segundo de pausa (na minha cabeça – eu continuei cantando, lógico) e eu percebi o que estava acontecendo comigo. Não me era importante o quão estranho e inventado essa apresentação era. Eu pensei comigo mesma, Eu estou feliz em estar aqui. Eu realmente estou. E foi isso; Despois desse momento eu comecei eu caí na rotina. Eu descobri depois que Gary Marsh, um executivo do Disney Channel, virou para minha mãe e disse, “Não demorou muito para ela se acomodar.”

No final do show a platéia estava de pé, torcendo, gritando “Han-nah! Han- nah! Han-nah!” Eu corria na frente do palco. Eu tocava nas mãos deles. Eu improvisava. Estava realmente acontecendo. Esse era o meu momento.

Algumas partes desse concerto, ainda são usadas no show, como se fossem os clipes da Hannah. Eles usam o comprimento de “Pumping Up The Party Now”, que sou eu de pijamas, ** na abertura que promove o show algumas vezes.

**Nota da Miley: Hannah cresceu tanto – que ela nunca se apresentaria de pijamas atualmente!

E quando o piloto estava gravado, eles colocaram aparelho nos meus dentes.

Chloe Stewart


Você consegue imaginar ser excluída e mal-tratada pelos seus colegas, nem mesmo ter uma melhor amiga, aí você se muda pra Hollywood e tem que fazer testes com multidões de garotas ansiosas, que querem ser sua melhor amiga num programa de TV? A de cabelo escuro que eu tive que correr pra trocar minha saia encharcada de Dr. Pepper e encontrar para fazer o meu teste? – Eu nunca vi aquela Lilly mais.

Enquanto as novas Lillys em potencial eram testadas, minha mãe ficou amiga com algumas pessoas que faziam o teste de elenco. Eles brincavam sobre meu pai ser um gostosão. E minha mãe brincava sobre como eles deveriam trazer o meu pai até lá e fazê-lo representar o meu pai na TV. E aí (como minha mãe conta) todo mundo estava tipo, “Espera aí, sério?”

Minha mãe me sentou, na mesa da cozinha para conversarmos sobre o assunto. Eu amo a idéia de ter o papai por perto, mas eu tinha medo de que se ele conseguisse o papel, as pessoas pensariam que ele foi escolhido primeiro e que eu só tinha sido contratada por causa dele.** O papai se preocupava sobre a mesma coisa. Ele disse, “Esse papel é destinado pra você. E se eu estragar tudo?”

Mas todos nós queríamos encontrar uma forma de reunir toda a família. O papai ficou no Canadá por muito tempo. Ele sempre ficava indo e voltando. Se o show fosse bem sucedido e eles decidissem fazer dele uma série, aí eu teria que me mudar para Los Angeles. Nós separaríamos toda a família? Como isso iria funcionar? Então a minha mãe disse: “Bem, nós falamos sobre o papel da Hannah Montana ser perfeito pra você. E se o pai da Hannah foi feito para ser o Billy Ray?” Nós decidimos seguir em frente e deixar o destino decidir. 

**Nota da Miley: depois de todo meu esforço!
Eles já tinham pré-selecionado dois pais com potencial para mim – ou melhor, Hannah Montana. Agora eles colocaram meu pai na mistura. Ele entrou, deu uma olhada nos outros candidatos, apontou para o mais bonito, e disse para os produtores, “Contratem esse cara. Façam do show da minha filha um hit.” Mas então eles o chamaram para ler as falas comigo.

Sentar na mesa de conferências como ele foi completamente surreal. Quer dizer, ele é meu pai! Nós estávamos fazendo piadas e rindo juntos. Nós fizemos nosso aperto de mão, que é bem complicado e bobo. Nós cantamos uma música juntos – eu acho que foi a música do meu pai “I Want My Mullet Back”. Minha mãe estava na sala de espera com os outros dois possíveis pais. Ela disse que conseguia me escutar dizendo, “Pai, essa não é a linha! E todo mundo rindo. Mas aparentemente foi durante “I Want My Mullet Back” que meus outros pais se olharam e disseram “Nós estamos condenados.”

E eles estavam certos. Meu pai conseguiu o papel. Nós rezamos para encontrar uma maneira de manter nossa família unida, e aqui estava essa louca, e completamente inesperada solução. Nós lidamos com os rumores sobre quem conseguiu o papel primeiro. Por agora, nós só estávamos aliviados em estar no mesmo país!

O papai fazer parte do elenco foi ótimo. Mas o resto do elenco tinha sido determinado, e agora eu tinha novos colegas de elenco também. Chloe Stewart (o alter-ego da Hannah) tinha um irmão, Jackson (Jason Earles). E ela tinha melhores amigos, Lilly (Emily Osment) e Oliver (Michael Musso). E pra ser completamente honesta – mo início, eu estava intimidada por todos eles. Emily tinha feito toneladas de comerciais, programas de TV, e aquele filme Pequenos Espiões. Mitchel já tinha feito alguns programas de TV e filmes, incluindo Life Is Ruff, que era da Disney, então ele sabia o que estava fazendo. Eu tinha feito, alguns episódios do programa do meu pai Doc, que era um drama, e algumas linhas num filme. Uma vez – no Alabama.

Eu nunca tinha feito comédia ou nada parecido. Então lá estava eu tentando ser engraçada e atuar e cantar e parecer legal e tentando deixar claro que meu pai não conseguiu o papel pra mim, e tentando ser amiga dos meus co-estrelas enquanto usava a peruca loira e barata da Hannah metade do tempo. E adivinha? – depois de um tempo, tudo isso parecia muito mais fácil e muito mais natural do que ficar sentada na cafeteria na sexta-série.

Oh, e sobre Chloe Stewart. Não combina, não é? Tem uma razão. Você vê, meu nome real é Destiny Hope Cyrus** Todo mundo me chamava de Miley. O nome da minha personagem era Chloe Stewart. O nome do seu alter-ego era Hannah Montana. Era apenas muitos nomes. Então eles largaram o que era mais fácil de deixar ir. O nome da minha personagem mudou para Miley Stewart. E as pessoas ainda sim ficavam confusas. Eu não fiquei confusa. Eu sou a Miley na vida real. Eu sou a Miley no meu show (exceto quando eu sou a Hannah). O único lugar onde eu não sou a Miley, é na minha certidão de nascimento original, que agora foi extinta já que eu mudei meu nome legalmente. E quando o dia glorioso chegar, minha carteira de habilitação vai dizer Miley.

**Nota da Miley: mais sobre isso depois.

A ligação


Vidro Quebrado
Você já sentiu como se você precisasse recomeçar, 
Ser uma nova pessoa e ser libertada?
Algumas vezes, você já sentiu
Como se você estivesse olhando através do vidro quebrado
Com um futuro quebrado e um passado rachado?
Não deixe que os e se ou eu deveria ter te segurarem. 
É hora pra você e para seus sonhos.
Seja a luz do sol brilhando 
Não uma nuvem estúpida e escura.
Você pode mudar o mundo
E trazer a luz.

Não para parecer com a Susie Sunshine, mas quando segue o show, quando você está pronto para seguir em frente ou se você viver em paz com a dor, você encontrará um revestimento prateado. A minha veio na forma de um telefonema. 

Eu estava no telefone com o Patrick, um dos meus mais antigos amigos. Eu e ele tínhamos acabado de descobrir o iTunes, e ele estava tocando algumas músicas do computador dele para o meu. Na verdade era “I Can’t Take It” da Tegan e da Sara. Eu nunca me esquecerei. Minha mãe estava próxima na cozinha quando tocou. Ela gritou tão auto que eu achei que alguém tivesse morrido. Então, alguns momentos depois, ela começou a gritar “Você conseguiu! Você conseguiu!”

“Conseguiu” era Hannah. É um sentimento estranho e maravilhoso conseguir exatamente o que você deseja. Não acontece com muita freqüência, mas quando acontece, seu cérebro fica tipo, Woow espera aí, qual é o enredo? É tentador dar uma parada sobre o que pode significar ou quando de repente está pronto. Mas vendo a minha mãe toda feliz e pulando – sim minha mãe estava pulando – eu finalmente tive que aceitar que isso era muito bom. Era maravilhoso! Eu tinha um papel! Um personagem que eu amava! Eu teria que cantar e atuar. Era tão perfeito. Enquanto a realidade entrava, eu comecei a pular e a gritar também. Coitado do Patrick ficou do outro lado do telefone. Ele deve ter achado que um tornado estava destruindo a nossa casa.
Conseguir o papel mudou tudo, de repente e irreversivelmente. Eu estava seguindo em frente e deixando meu passado pra trás, mas eu não me atreveria a esquecer o desafio. Tinha uma razão por isso. Eu trouxe essa garota comigo, e ela me lembra de ter compaixão. De não guardar rancor. De dar apoio. De estar lá por outros quando eu sei que eu precisei. Meu pai gosta de me lembrar da terceira lei de Newton sobre o movimento – para toda ação tem uma igual e oposta reação. Por tudo aquilo que eu tinha enfrentado naquele ano, por todas as horas que eu sentei sozinha no almoço, ou recolhida no meu quarto, escrevendo músicas, teve um balanço. Uma balanço na minha vida, assim como a um equilíbrio no mundo.

Para toda ação tem uma ação igual e oposta. Você nunca sabe como é olhar do outro lado, mas você verá eventualmente se manter seus olhos abertos.

Eu realmente acredito nisso.

Aí está – um único telefonema foi mais do que o pagamente pelo inferno da sexta-série. Os saltos. Os gritos. A loucura. (Meu pai apenas disse: “Viu? Eu te disse. Foi feito pra você.”) Eu tive que voar para Los Angeles pra fazer teste e conhecer executivos da Disney pelo menos 4 vezes. Eu era muito nova para o papel. Eles queriam alguém mais alta. Ou alguém mais velha. Ou alguém com um pouco mais de potência vocal. Ou alguém com mais experiência em atuar. Ou alguém com todas as opções acima. Eles realmente tentaram duro para encontrar outra pessoa para o papel. Eu estive trabalhando e tendo esperanças para Hannah e me guardando de uma matilha (bem, três) adolescentes malvadas que completamente ferraram minha sexta-série. Eu tinha 11 anos quando fiz o primeiro teste. Agora, um ano depois, eu realmente tinha 12. Agora, é incrível, inacreditável, e impossível, aquele papel era meu.

 

Esse foi meu sonho por o mais longe que eu consigo lembrar. Mas estranhamente, agora que está realmente acontecendo, meu excitamento não é tão grande sobre o que eu conquistei e sim para onde eu estava indo. Eu estava escapando. Eu não estava pensando, “Ótimo! Consegui um papel num seriado da Disney! Eu finalmente cheguei a algum lugar! Eu vou ser uma grande estrela!” Hannah Montana deveria ser algo que eu estava correndo para, mas no lugar disso eu tinha uma desculpa para fugir daquele que foi o pior ano da minha vida. Eu estava determinada a ir embora de Nashville antes de começar o colegial. Então quando me ligaram, eu senti que Deus estava me salvando de uma situação impossível. Meu primeiro pensamento (após gritar, enlouquecer, claro) foi, eu vou sair daqui!

O fundo do oceano


Se lembram do Letra e do Melodia? Presos no aquário? Bem, um dos peixes morreu. Eu tenho quase certeza de que foi Melodia. Eu estava chateada. Eu sei – estranho ficar perturbado sobre algo que você nem pode domesticar, mas peixe era a minha coisa. Então minha mãe me deu outro peixe. Eu devia ter o chamado de Dissonância. Ele comeu o Letra. Depois disso, peixes não eram mais a minha coisa. Eu tinha tido restos suficientes pra uma semana.

Meus peixes perfeitos se foram, mas eles me ensinaram uma coisa permanente. Depois deles, toda vez que eu quero escrever uma música, eu digo a mim mesma, pensa fora do aquário. É um aviso para me forçar a não ficar presa – não ver o mundo do lado de fora através de uma cadeia de vidro.

“Bottom of The Ocean” começou como uma música sobre Letra e Melodia. Mas quando eu comecei a escrever, foi muito mais do que apenas meu peixe bobinho.**
**Nota da Miley: Sem ofensas ao peixe. Descanse em paz. Era sobre o sonho de qualquer um, namorados, um parente que morreu, um relacionamento abusivo. Ela diz que se tem alguém que você amava mas por alguma razão você não pode mais amar, você precisa esconder em uma concha, e colocar no fundo do oceano. Escondê-los lá, com cuidado e respeito, em um lugar onde eles não podem ser encontrados. “Bottom of the Ocean” é uma canção sobre “adeus”, uma canção de amor. Você nunca pensaria que ela foi criada pensando sobre um peixe. Bem, exceto pela parte do “oceano”.
Meus amigos viraram meus inimigos, inclusive minha melhor amiga. Eu não fazia idéia porque elas me odiavam ou o que eu poderia fazer para reverter à situação. Eu não me encaixava em lugar nenhum. Para onde tudo tinha ido? Todo o respeito, toda amizade, todo o amor? Eu estava sem forças, perdida, meio que flutuando, e não tinha um sinal do fim. Então eu fiz o que eu falo sobre em “Bottom of the Ocean”. Eu coloquei todas as derrotas, a dor e o medo em algum lugar onde ninguém os encontraria, bem no fundo do meu oceano pessoal.

E então eu finalmente recebi a ligação final sobre Hannah Montana.
Paz, seus trouxas !

** Nota da Miley: Se você está se perguntando sobre Dissonância – ele teve um longo caminho privada abaixo.

A cafeteria


Eu nunca disse a ninguém no colégio que eu estava fazendo audições em L.A, mas parecia que as que me torturavam tinham um sexto sentido sobre isso e sabiam que eu estava indo a algum lugar. Quando eu voltei de L.A pela segunda vez, essas garotas foram alem do normal bullying. ** Essas grandes e duronas garotas. Eu era esquelética e baixa. Elas eram totalmente capazes de me causar danos corporais. Como se elas já não fossem assustadoras o bastante, elas me mandaram um bilhete me ameaçando, dizendo que se eu aparecesse na cafeteria no dia seguinte ... Eu não vou dar nenhuma idéia às outras bullies dizendo exatamente sobre o que elas me ameaçaram. Vamos dizer que não foi nem um pouco legal. E eu sei que parece bobagem e clichê ficar com medo por causa de um bilhete. Você só precisa confiar em mim. Essas garotas não brincam em serviço.

**Nota da Miley: Bullying pode ser normal?

Eu tentei lidar com as valentonas, sozinha durante todo esse tempo. Eu não queria mostrar o meu medo para elas ou para os meus pais. Eu nunca chorei. ** Eu tentei tudo que eu consegui pensar sobre o assunto. Algumas vezes eu me defendia. Algumas vezes eu me desculpava. Algumas vezes eu simplesmente fugia. Eu sempre me sentia sozinha. Mas a noite que eu recebi a ameaça da cafeteria parecia que a Operação Faça da Miley Miserável estava alcançando um novo nível. Estava mais para Operação Faça Miley Cair. Eu estava tão apavorada que contei para uma das minhas amigas da torcida sobre isso, por telefone. Eu deveria fingir que estava gripada? Eu deveria saltar o almoço? Eu deveria me preparar com uma garrafa de ketchup e me preparar para briga?

**Nota da Miley: pelo menos não em público.
Logo após eu desligar o telefone, meu pai entrou no quarto. Ele se sentou na beirada da cama e me disse que tinha escutado minha conversa. Eu rolei meus olhos. ** Papai queria saber o que estava acontecendo. Eu mostrei a nora pra ele, e disse que eu estava surtando de tão assustada. Ainda assim, eu implorei para que ele não fizesse nada. Eu sei que se ele contasse para minha mãe, ela falaria com o diretor. Ela é desse tipo de mãe. Se ela falasse com o diretor, era isso. Elas acabariam comigo. O papai me escutou, e ele entendeu. Mas aí ele adicionou, “Você precisa contar para sua mãe.”

**Nota da Miley: parece que as garotas malvadas estavam me afetando, eu acho.

Eu segui o papai até a mamãe e disse: “Mãe, eu nunca mais vou falar com você se você fizer alguma coisa.” Mas eu podia ver pelas suas expressões que assim que eu fosse para cama, eles teriam uma Conversa. 

Eu fui para o almoço no dia seguinte, sem ter certeza de como a Conversa terminou. O que mais eu poderia fazer? Se eu fugisse hoje, elas me pegariam amanhã. Ela como um especial depois da escola sobre a garota magrela que vai apanhar. Mas no lugar de ter um final feliz com uma mensagem sobre superar as dificuldades, esse enredo terminaria comigo vivendo o resto dos meus dias como uma garota de 12 anos eremita, sem amigos e sozinha. 

Logo que eu sentei na minha mesa vazia, na área dos perdedores, três garotas vieram de modo violento até mim. Eu agarrei meu sanduíche de queijo grelhado como se ele fosse meu melhor amigo. Ele era meio que meio melhor amigo esses dias. Eu estava acabada.

Elas começaram a me amaldiçoar e dizer para eu me levantar. Eu fiquei sentada paralisada. Eu olhei ao redor e vi uma das mães sentadas numa mesa próxima. Uma mãe ! E ela estava rindo! ** Finalmente, eu não agüentava mais. Eu não era uma galinha. O que elas poderiam fazer comigo? Eu estava cercada de pessoas. Eu me levantei, ainda ficando bem mais baixa que elas. “Qual é o problema de vocês? O que foi que eu fiz com vocês?”

** Nota da Miley: Eu entrei em uma dimensão alternativa?

Mas antes que eu pudesse dizer ou fazer alguma coisa, o diretor interrompeu e entrou, dizendo, “Garotas!” e todas as crianças na cafeteria fizeram “Ooohhh.” **. Falando em vergonhoso – e em alívio!

** Nota da Miley: como se vocês estivessem em um grande problema.

Acabou que depois da Conversa, meu pai foi em frente e conversou com o diretor. Primeiro minha mãe achou que não fosse grande coisa, garotas sendo garotas ou alguma coisa do tipo, mais meu pai disse pra ela, “Você nunca pode saber. Coisas acontecem na escola o tempo todo.” É claro, isso fez com que minha mãe pirasse. E quando eu penso nisso, eu fico bem aliviada que a minha mãe se intrometeu. ** Eu honestamente não sei o que aquelas garotas teriam feito comigo, mesmo com uma das mães delas assistindo tudo. O diretor nos levou para seu escritório e nos fez confessar. E como se tivessem argumentos dos dois lados sobre quem roubou um lápis, quando todos sabiam perfeitamente que era apenas questão de torturar um inocente.

**Nota da Miley: Vamos manter isso entre nós.
Apenas três garotas foram pegas no dia da cafeteria, mas eu tive a impressão que as outras crianças gostaram do show. Eu sempre fui importunada por ter um pai conhecido. Meus colegas diziam: “O hit do seu pai é maravilhoso. Você nunca vai ser importante em alguma coisa- como ele.” Eu simplesmente ignorava. Eu pensava nele como bem sucedido e feliz com sua vida. Talvez eles pensassem que eu era esnobe por sentir orgulho do meu pai (bem, ele realmente é o cara mais maravilhoso), ou apenas esperando para ser minha própria pessoa, esperando ser uma atriz ou cantora. Talvez eles farejassem insegurança. Talvez seja por isso que eles me escolheram. Qualquer razão, até hoje eu ainda não entendo o que aconteceu. Eu provavelmente nunca saberei, e nesse ponto eu nem quero. 

Eu realmente não coloco a culpa na minha ex melhor-amiga Rachel, por me trair. Ela nunca foi completamente malvada comigo. Honestamente, eu acho que eles a ameaçaram para que ela me abandonasse e ignorasse. Eu gosto de pensar que não teria abandonado uma amiga como ela fez, mas eu tenho um sentimento de que ela provavelmente estava assustada com as novas amigas delas – assim como eu – a diferença é que ela tinha medo de dentro do grupo e eu estava assustada do lado de fora.
Eu sempre encontrei conforto, liderança, e respostas na minha fé. Eu me perguntava a Bíblia naquela época e eu ainda faço e eu encontrei esse Salmo. 

Senhor, eu te entrego minha vida
Eu confio em você, meu Deus.
Não me deixe em desonra
Ou deixe que meus inimigos se alegrarem com minha derrota

Guie-me através da verdade e me ensine,
Você é o Deus que me salva.
Todos os dias eu coloco minha esperança no Senhor.
Lembre-me o Senhor, da sua compaixão e infalível amor
Que você me mostrou através dos anos.
Depois da conversa com o diretor, a maior ameaça estava acabada, mas eu ainda estava sozinha. E depois de tantas audições, eu nem tinha mais o conforto das líderes de torcida. Eu só ficava. Eu comecei a sair com crianças mais velhas, e tentei tirar tudo aquilo da minha mente, mas as valentonas continuavam a me dar um tempo difícil. Eu odiava a escola. Eu nunca me virava para abrir o meu armário sem estar atenta sobre quem mais estava no corredor. Eu nunca me demorava entre as aulas. Toda vez que eu ia ao banheiro ao andava pelos cantos eu tentava passar despercebida. Eu não me sentia a salvo.